Tuesday 18 September 2007

Fur: An Imaginary Portrait Of Diane Arbus (2006)

de Steven Shainberg


Shainberg não um realizador que toda a gente possa falar. Os seus primeiros filmes são completamente desconhecidos embora tenham a participação de, na altura, grandes promessas e actores já com obra edificada (William H. Macy, Angelina Jolie, Phillip Baker Hall, etc.) e só na sua terceira obra é que começa a rodar o seu nome. Poucos se lembram mas aqueles que tiveram a oportunidade de ver o belíssimo Secretary dificilmente esquecem, mesmo se a temática fosse desequilibrada para alguns não se esquece a Maggie Gyllenhaal, o James Spader, a música do Badalamenti mas, acima de tudo a romantização do fetichismo, nada normal mesmo em filmes independentes.
Obra seguinte e Shainberg falha em fazer passar a palavra do seu filme entre o culto. Esforça-se, mostra o mesmo respeito pelos sexualmente inadaptados, uma personagem similar à Gyllenhaal do Secretary e quase o mesmo estilo de mise-en-scéne adaptado ao falso biopic de época. O que o anterior estava para o sado-masoquismo está este FUR para o voyeurismo e só por isso o filme tem tudo para funcionar perfeitamente.
Só que falha em dar um passo de risco como o anterior o fez embora tudo seja bem pensado, o argumento é consistente fora o desenvolvimento de Diane com as filhas que ora ficamos com a sensação de que ela as está a negligenciar sem remorsos ora a história secundária da filha mais velha esteja muito mal desenvolvida. Os actores esses merecem todo o respeito do mundo, Nicole Kidman dá o corpo ao manifesto em formato Gyllenhaal mais velha mas nem por isso menos apetecível e, claro, Robert Downey Jr. é gigantesco no papel de homem-lobo letrado e fruto do desejo da personagem feminina.
O que falha são os mínimos porque de resto o filme não deixa nunca uma sensação de vazio e até a fotografia (Bob Pope outra vez num trabalho excepcional) e a música estão em primeiro plano.
O biopic falso ainda consegue funcionar por causa do subtítulo no início acima de tudo humilde que informa o espectador que a adaptação não é só livre, é completamente fictícia para assim melhor fazer jus ao que a fotografa Diane Arbus significa para esse mundo doentio e romântico de Shainberg. É mais do que suficiente para levar a obra a sério, mesmo que o efeito da mesma não seja igual ao bojardo do filme anterior.
Ainda assim nota positiva para este novo Shainberg.

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