Friday, 5 October 2007

Planes, Trains And Automobiles

de John Hughes



É sempre uma tarefa quase ingrata analisar os filmes de Hughes. Ele que é conhecido por estar, no site do imdb, na lista dos melhores e dos piores filmes edificou-se como o mais importante realizador dos anos 80. Não em termos técnicos nem muito menos por ser um pioneiro mas as suas obras dessa década foram marcos para uma juventude que agora goza a idade adulta, ainda hoje até Matt Groening aponta referências atrás de referências ao seu amor por Breakfast Club e se em Portugal o realizador é esquecido para filmes da tarde da TVI nunca é demais relembrar que houve uma altura em que os adolescentes eram protagonistas sérios, o Steve Martin tinha piada e o John Candy era o tio que todos queríamos ter.
Planes, Trains And Automobiles não é a sua melhor obra. Será até daquelas que se podem considerar prazeres escondidos dentro da sua obra. Admito que não seja a área que Hughes controlasse melhor (ele domina a vida no liceu melhor que os "buddy movies") e que a promessa de Martin com Candy faça parecer que temos uma comédia de génio nas mãos mesmo quando no fim temos pura e simplesmente um "road movie" simples sem pretensões. É essa a palavra-chave da melhor cinematografia Hughesiana - falta de pretensões e apenas manter o espírito de uma história simples sem tentar exagerar nos mecanismos.
Passando uns dias antes do dia de Acção de Graças, o filme segue Neal Page (Steven Martin) enquanto tenta chegar a tempo para jantar com a família no feriado norte-americano. Mas uma série de azares atrasam constantemente os planos de Page que é obrigado a aceitar a ajuda do bem intencionado Del Griffith (John Candy), antípoda de Page mas com bom coração, claro. Premissa aceitável para uma série de acontecimentos ridículos com soluções delirantes. Sim, é o mesmo esquema de sempre mas com o bónus de estar um adorado ao leme, John Hughes é tão eficaz que não se pode ficar ofendido nem aborrecido com os seus filmes mas acima de tudo é a altura em que o filme foi feito. Ver este Planes, Trains and Automobiles é como pegar naqueles filmes que viamos quando tínhamos 7 anos só que ao contrário de Karate Kid, por exemplo, o filme não perde nenhum do seu encanto nem aparente vestígios de fraca qualidade.
É SÓ uma pequena obra eficaz à qual não se pode apontar nada de concreto e que ainda nos consegue dar algo de mais satisfatório que uma sensação de nostalgia.


(vou tentar fazer mais cinco posts até terça-feira para compensar o tempo perdido. O lado obscuro é não poder voltar a escrever os testamentos que antes fazia mas aí até deixo de gastar tanto o vosso tempo)

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